terça-feira, 7 de outubro de 2025

IGREJAS: Futuro X Passado

AS IGREJAS DO FUTURO SÃO AS IGREJAS DO PASSADO 

 “Eu não agüento mais. Eu preciso de uma igreja histórica”, era, mais uma vez, o telefonema emocionado de um jovem pastor pentecostal, criado, assim como sua esposa, na Assembléia de Deus. E prosseguia: “Eu não consigo mais conviver com o emocionalismo, a superficialidade e a busca incessante de novidades. Eu não consigo nem mais suportar as marcas do passado: o sectarismo, o legalismo, o moralismo, a alienação sócio-política e a padronização comportamental, nem consigo incorporar marcas do presente: a batalha espiritual ou a Teologia da Prosperidade”
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E, ainda dizia o jovem pastor pentecostal: “Eu quero uma igreja histórica, com sólida teologia e tradições, profundidade, seriedade, a solenidade e a beleza da Liturgia e da Arte Sacra, a liberdade cristã, a missão integral”. 
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Ouvi essas palavras há poucos dias. Senti-me limitado pela hostilidade a evangélicos em outras dioceses, e a falta de recursos para trazê-los para a nossa Diocese. 
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Nesses cinco anos, pessoalmente ou por correspondência, depoimentos como esse se sucedem. 
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Lembrei-me do livro “Evangélicos a Caminho de Cantuária”, com testemunhos de pentecostais e fundamentalistas que encontram finalmente a paz na Igreja Anglicana, a maioria, por incrível que pareça, na corrente anglo-católica. 
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Na Europa e nos Estados Unidos, até a primeira metade do século passado, eram os filhos e netos do liberalismo teológico que se tornavam católicos romanos e ortodoxos, ou procuravam setores confessantes do anglicanismo e do luteranismo. Hoje essa peregrinação espiritual é feita pelos filhos e netos do pentecostalismo e do fundamentalismo teológico, em número cada vez mais crescente. 
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Hoje, 90% (noventa por cento) dos cristãos vivem na Igreja Romana, nos (03) ramos das Igrejas Orientais e nas Igrejas da Primeira Reforma (Anglicanos e Luteranos). Os 10% (dez por cento) restantes vivem nos 90 (noventa por cento) das denominações (30.000) frutos da 2ª, 3ª, 4ª e 5ª reformas. As igrejas históricas sobrevivem, se ajustam a mudanças e incorporam o novo e o diferente. Milhões estão começando a se cansar do caos das Seitas, e buscam maturidade e sanidade. 
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É preocupante que, por falta de igrejas da Primeira Reforma, haja uma volta a Roma no pentecostalismo da Costa Rica, segundo pesquisas da Visão Mundial. Há perplexidade e busca em tantos que sofrem na segunda e terceira gerações do protestantismo radical. 
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Não tem razão o meu amigo Ricardo Gondim quando prevê o fim das igrejas históricas e a sobrevivência apenas das igrejas pentecostais. 
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O futuro se fará a partir do passado. Com abertura ao bom no novo e ao diverso as igrejas históricas (em tantos lugares florescentes) sobreviverão e serão o lar seguro para onde tantos retornarão. 
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As Igrejas do Futuro são as Igrejas do Passado. 

AUTOR: Dom Robinson Cavalcanti, OSE
Bispo Diocesano



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